localização
lisboa . portugal
projeto
2024
arquitetura
messina | rivas
ATA Atelier
imagens
thiago augustos
concurso de reabilitação e ampliação da escola básica e jardim de infância professor manuel sérgio.
Readaptar uma escola do período do Estado Novo, mais que uma readaptação funcional, é a adequação espacial a uma visão contemporânea do sistema educativo. O desenho da implantação e a sua relação com o território, o rigor compositivo das fachadas, são circunstâncias com valor patrimonial que assentam numa organização formal e espacial de simetria que tem por base a ideia de segregação. Paradoxalmente, a simetria e a sua relação com o território servem o propósito de uma intervenção assente numa visão antagónica da original.
A nova escola organiza-se em torno de um eixo na continuidade da Rua dos Marcos, que trespassa o edifício existente até à mata a tardoz, como se a força da lógica linear da urbanidade impusesse a sua vontade conciliadora ao conectar a cidade com a natureza, ao estabelecer uma linha de congregação e união que organiza o programa escolar, não apenas de formal funcional, mas também moral. Apesar da clareza do gesto, as alterações na escola original são estratégicas, mantendo grande parte do seu carácter formal e dos seus elementos construtivos, com o intuito de valorizar o património e otimizar os recursos existentes.
A necessidade de espaços complementares obriga a um novo edifício. A sua implantação, para lá do perímetro original, reforça o desenho do perímetro original, numa relação dicotómica entre dois tempos, que geram no seu vazio o espaço de recreio. O muro é apenas interrompido nos dois extremos do eixo, que funciona como elemento ligador e imaterial, constituído pelos programas de maior fluxo e de encontro entre os diferentes utilizadores, como o átrio, o recreio coberto e o refeitório. É a partir desta linha distributiva que ramifica o restante programa.
A conceção formal e construtiva do novo volume está intimamente ligada ao Parque de Monsanto, pois dele fará parte. A estrutura de madeira, tal como robustos troncos, irrompe do solo e suporta uma massa edificada, opaca como a frondosa copa das árvores do verão, que culmina numa arejada armação ortogonal que evoca os ramos despidos da paisagem invernal. O espírito da intervenção remete para a envolvente construída e natural, e aponta para valores de organização social e ecológica, não descurando o papel indelével da arquitetura como primeiro agente educativo.